ACADEMIA

domingo, 10 de dezembro de 2017

POR QUE É TÃO DIFÍCIL REALIZAR AÇÕES CONCRETAS EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE?


Nesta sexta feira (8) de dezembro de 2017,  ocorreu o  II Fórum Intermunicipal do Meio Ambiente na Escola Técnica de São José do Egito ETE,  com os temas: Resíduos Sólidos, Sustentabilidade e Consciência Ambiental. O Fórum foi palco de  uma série de projetos produzidos pelos alunos e professores daquela instituição, seguido de uma Mesa de Debate com uma dezena de participantes, mediada pelo Diretor da ETE, Niedson Amorim. 

Além do tema proposto, o mediador fez a seguinte pergunta para provocar os debatedores:  POR QUE É TÃO DIFÍCIL  REALIZAR AÇÕES CONCRETAS EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE? Cada debatedor procurou responder a questão apontando algumas causas como: o modo de produção capitalista, a falta de recursos para os gestores, falta de compromisso das gestões com o meio ambiente, a falta de educação ambiental e por aí vai. O tempo que os debatedores tiveram para responder essa questão tão profunda e complexa, apesar da tolerância do mediador, foi pouco, daí porque decidi escrever essa matéria reproduzindo parte do debate e a nossa opinião como militante das causas sociais para a reflexão do leitor.
  

A Mesa de Debate foi composta por Claudevan Filho, Vereador de São José do Egito,  Adilson Alves,  Diaconia – Afogados da Ingazeira,   João Simões, AASP,  Niedson Amorim, ETE e  mediador dos debates, Urbano Batista, Secretário de Agricultura de Teixeira, PB, Adriano Dantas, secretaria de Agricultura de São J. do Egito,  Luiza Tenório Técnica do Meio Ambiente, Sônia Barros, Centro Vida Nordeste e Dedé Rodrigues, Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de Tabira, entre outros que não estão na minha lista de presença. 

Comungo da ideia, reforçada por boa parte dos presentes,  que o modo de produção capitalista, irracional e predatório, é a principal causa da destruição do meio ambiente. Conforme Ademar Bogo, em (Identidade e Luta de Classes, 2010), de 1500 a 1850, nós matávamos um espécie viva a cada 10 anos. De 1850 a 1950 matamos uma espécie por dia. Em 1990,  já matávamos 10 espécies por dia e no ano 2000 matávamos uma espécie por hora.  Novos estudos apontam que nós matamos 90 mil espécies vivas por ano e cada espécie leva com ela pelo menos 30 outras, que dependem também dela. Evidente que em uma sociedade dividida em classes sociais com a produção predatória na busca cega pelo lucro, esse “nós” recai bem mais sobre a burguesia financista e empresarial com os seus mega empreendimentos de mercado e concentração de renda.
   
Vivendo em um mundo onde cerca de 1 bilhão de “animais racionais” passam necessidades por que vivem em situação de pobreza. A pobresa não é culpa dos pobres, como acreditam ou divulgam os defensores da burguesia, a principal causa causa dela é a concentração de renda no mundo onde  1% por cento tem mais riqueza do que os outros 99% e, no Brasil, onde 6 super ricaços tem mais renda do que 100 milhões de pessoas. Um mundo onde o consumismo virou uma doença que provoca outra doença como a depressão. Um mundo, no qual o principal dirigente da nação mais poluidora,  os Estados Unidos,  Donald Trump,   se recusa a cumprir o acordo de Paris, onde nesse país só se recicla 11% do seu lixo, mas  pelo tratado de Kioto era para reduzir o Co2 de lá  para 8%, mas fez foi aumentar para 35%. O governante principal desse país  acaba de  reduzir as reservas ambientais para agradar o loby dos grandes produtores e ainda pode jogar  a humanidade no meio de uma guerra nuclear devastadora do meio ambiente, ameaçando invadir e destruir a Coreia do Norte e defendendo a Palestina,  como capital de Israel, cuja decisão,  pode botar fogo no Oriente Médio. Se esse país não é seguro, o mundo com essas medidas de Trump,  torna-se um lugar muito perigoso para se viver.   Com base nisso pode-se afirmar que está na política e na economia os principais problemas ambientais ou sua própria solução. Se pensarmos em outro modo de produção, é no socialismo que está a saída para a humanidade, haja vista que esse modelo de sociedade tem outros valores humanistas e a China socialista tirou 500 milhões de pessoas da pobreza  nas última décadas e  está se esforçando por todos os meios possíveis  para cumprir o acordo de paris. O critério da verdade não é a prática? Questionou recentemente o primeiro ministro da China.
    
No Brasil a situação do meio ambiente está se agravando cada vez mais por causa de um governo golpista, entreguista e ultraliberal. Em 2016 aumentamos as emissões de carbono em quase 9%, quando devíamos está reduzindo para chegar meta de 37% em em 2025. Aumentamos o desmatamento  de 2013 a 2017 em 38%. Duas grandes reservas naturais iam ser reduzidas para agradar os ruralistas,  comprando votos para as medidas anti-povo, só não foram reduzidas  graças a forte reação popular.  Mesmo assim a medida provisória 795 de Temer concede incentivos fiscais, que podem chegar a R$ 1 trilhão até 2040. Esse incentivo é para o setor do óleo e gás, principal emissor de carbono no mundo.   Para piorar só temos 8% da Nossa mata Atlântica e dados recentes dão conta que 45% do nosso bioma Caatinga já foi desmatado.  Se essas questões ambientais se resolvem com mais investimento público, pode-se afirmar que o meio ambiente no Brasil com Temer ultraliberal vai piorar cada vez mais.  

No Pajeú a questão ambiental está longe de ser resolvida. Segundo Marcos Brito, com seu “estudo de caso” em São José do Egito só temos 10% da água que se tinhamos  nos poços públicos. Quanto mais se desmata, mais a água desses poços diminui. É preciso um projeto urgente de reflorestamento da Caatinga, pois podemos não ter mais agricultura nessa região daqui a 50 anos, dizem alguns especialistas.  Conforme Adilson da Diaconia de Afogados da Ingazeira, forte parceira do meio ambiente, só três municípios iniciaram um trabalho de coleta seletiva, entre eles Tabira, que já tem galpão de triagem com prensa e uma campanha iniciada em parte das escolas com a criação de Brigadas do Meio Ambiente em cada instituição onde se implanta a campanha. Em Tabira o trabalho desenvolvido nas escolas de coleta seletiva já dão frutos.

 O II Fórum do Meio Ambiente na ETE de São José do Egito está se tornando um ambiente propício para educação ambiental. Boa parte dos alunos e professores já se envolvem em projetos sobre a água da escola, sobre a flora da escola, entre outras questões relacionadas ao meio ambiente. Mas isso tem ainda um alcance limitado. É preciso, além de envolver mais os alunos na chamada mesa de debate, é preciso melhorar o intercâmbio entre a escola ETE e outras escolas de São José do Egito,  com apresentações desses projetos, bem como entre outras escolas dos próprios municípios do Pajeú com troca de experiências sobre esses projetos e a pauta ambiental. Mesmo que no Fórum tenha sido aprovada uma proposta de  Marcos Brito para realização de uma caravana multidisciplinar na nascente do Rio Pajeú para a sensibilização do participantes e da sociedade para lutar em defesa da revitalização do Rio, São José do Egito e a maioria dos municípios do Pajeú também precisam iniciar a campanha de coleta seletiva o mais rápido possível. O problema do lixo e o reflorestamento da nossa Caatinga devem está entre as  principais preocupações ambientais da Região do Pajeú.


A partir da educação e das ações concretas que sairão dos muros das escolas para a sociedade poderemos está dando o passo mais importante na defesa do meio ambiente. 

Com essas ações acabaremos por envolver  outros gestores, autoridades públicas, organizações sociais, conselhos urbanos e rurais etc . O fio da meada para os gestores públicos se envolverem  mais em questões ambientais passa pela mobilização da sociedade e pela educação ambiental nas escolas.  A solução está na elevação do nível de consciência política da classe trabalhadora, organização e participação da sociedade na temática ambiental, pois podemos já  está vivenciando nessas batalhas em defesa do meio ambiente “a guerra do fim do mundo”, como disse o especialista Marcos Brito no fórum de São José do Egito.  

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