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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Maiores lideranças soltas do PCC são mortas no Ceará; Temer envia reforço


Estadão
Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram assassinados em uma suposta emboscada em um território indígena em Aquiraz, a 30 quilômetros de Fortaleza. As vítimas eram apontadas como as mais fortes lideranças soltas do Primeiro Comando da Capital (PCC) e uma rixa interna na facção é o que pode ter motivado as mortes. Neste domingo (18), o presidente Michel Temer determinou o envio de uma força-tarefa ao Ceará para atuar nas ações de combate ao crime organizado.
As mortes teriam acontecido na noite de quinta-feira passada, quando um helicóptero foi visto na região. Testemunhas relataram à polícia ter ouvido uma sequência de disparos. Os corpos foram encontrados na manhã seguinte por um homem que coletava frutas na área, e ainda neste domingo era realizado o processo de identificação e liberação.
Parentes das vítimas suspeitam que a emboscada no Ceará tenha sido executada por homens que faziam a segurança de Gegê e de Paca. Este já tinha passado férias no Estado em janeiro de 2017 e chegou a ser monitorado na região. A notícia da morte se espalhou rapidamente entre os detentos do sistema prisional paulista. 
Duas hipóteses principais estão sendo consideradas para o caso. A primeira, apontada por integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, é que a morte de Gegê tenha acontecido em represália ao assassinato de Edilson Borges Nogueira, o Biroska, em 5 dezembro na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Biroska fora batizado na facção por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe-mor do PCC, e possuíra funções na Sintonia Final, cúpula da facção, antes de ser morto a golpes de estilete durante o banho de sol. 
Outra possibilidade é que, solto nas ruas, Gegê estava ganhando mais poder do que os líderes presos do PCC desejavam. “Acredito que o Gegê tenha crescido demais e (eles) agiram para cortar essa liderança. Na rua, era o membro mais forte que o PCC tinha”, disse o procurador de Justiça do MP paulista Márcio Sérgio Christino, que atuou em investigações contra o PCC na década de 1990 e nos anos 2000.
Ele diz que ações como essa permeiam a história da facção. “Quando isso acontece, a parte vencedora já tem tudo preparado. A morte não é o início de algum plano, é o final, a sua concretização”, disse.
Acreditava-se que Gegê estava comandando negócios do PCC atuando fora do País, principalmente na Bolívia e no Paraguai. “Essa é a hipótese mais provável. Ele não estava no Ceará, mas foi levado para lá”, disse Christino. Em fevereiro do ano passado, a Justiça expediu alvará de soltura em favor de Simone em razão da demora no julgamento de um caso de assassinato. Duas semanas depois, ele foi condenado a 47 anos de prisão, mas não foi mais encontrado.
Os investigadores acreditam que agora a liderança da facção nas ruas esteja a cargo de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Ele é apontado como responsável pelas gerências das contas de Marcola, e estaria atualmente no Paraguai. 
Reforço
No dia em que a identificação das vítimas foram divulgadas, o presidente Michel Temer anunciou reforço no combate ao crime organizado no Ceará. A equipe com 36 homens, sendo 26 da Polícia Federal e 10 da Força Nacional de Segurança Pública, embarcaria às 22 horas deste domingo da Base Aérea de Brasília com destino a Fortaleza. O objetivo será “dar apoio técnico às forças estaduais”. O grupo será chefiado pelo almirante Alexandre Mota, secretário adjunto da Secretaria Nacional de Segurança Pública. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, também irá a Fortaleza acompanhar a atuação do grupo.
O envio ocorre 20 dias após uma chacina que deixou 14 pessoas mortas no bairro de Cajazeiras, em Fortaleza. As cobranças para que o governo enviasse uma força-tarefa para o Ceará se intensificaram no momento em que se discutia a intervenção no Rio, na madrugada de sexta-feira. O Estado apurou que o senador Eunício Oliveira cobrou do presidente Temer uma resposta aos 18 ofícios que o governo do Estado havia encaminhado ao Ministério da Justiça pedindo ajuda. Oliveira teria dito haver pouca vontade do governo em atender o Estado.

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