ACADEMIA

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Tabira ganha registro afetivo em memória a Pedro Pires

 


Folha de Pernambuco

Da região do Pajeú, mais precisamente beirando as cidades de Afogados da Ingazeira, Solidão e Tabira, sendo esta última o seu nascedouro e, portanto, o maior afeto, o político e empresário Pedro Pires – falecido no final dos anos de 1960 – segue “in memoriam”, reverberando histórias construídas desde o tempo em que passou a ser conhecido como “Jovem Líder”.

Da Zona Rural da cidade, onde foi criado, até adentrar espaços explorados pela audácia de carregar consigo o viés de administrador, dedicatórias como o livro “Pedro Pires Ferreira – Meu Pai”, de autoria de sua filha, professora e escritora Nevinha Pires, é um exemplo das memórias afetivas deixadas por ele.

O livro, o sétimo escrito por Nevinha – falecida em 2016 aos 91 anos –, ganhou publicação recente por meio de Pedro Pires Neto, médico e filho da autora. “Quando minha mãe adoeceu e veio a falecer, resolvi dar andamento, e com ajuda de familiares que conviveram com ela e com meu avô, fui auxiliado na interpretação do que ela havia escrito, porque já com a mão trêmula algumas palavras e frases ficavam difíceis de transcrever”, contou ele, em conversa com a Folha.

Além das narrativas, fotos e documentos foram inseridos na publicação, como parte de um todo que revive a trajetória de um dos nomes influentes do Sertão do Pajeú.

“Foi o meu avô quem emancipou Tabira, onde foi prefeito por duas vezes. Em Afogados (da Ingazeira) ele administrou a cidade por três vezes. Também deu independência a Solidão e, além de todo o caminho político que percorreu, empreendeu com uma usina de algodão que levou desenvolvimento para os tabirenses”, complementa Pedro Neto.

Assim como se deu durante sua gestão como prefeito, Pedro Pires se voltou também à carreira legislativa de deputado estadual e, com boas relações, seguiu com o mote de alternar entre estradas e escolas e, dessa forma, imprimir o progresso na Região, em especial à sua Tabira.

“Minha terra só terá boas perspectivas de desenvolvimento e progresso se seus filhos acreditarem e nela trabalharem. Jamais me deslocarei de Tabira, que crescerá comigo e com todos que quiserem trabalhar por ela e nela. Só assim veremos a cidade crescer”, teria dito ele quando teve a opção de instalar em outros municípios a usina.

Embora astuto ao que se propunha fazer política e administrativamente, foi ao lado da filha Nevinha Pires que ele seguiu impávido, sem hesitar em receber autoridades, formalizar documentos ou discursar para a população. “Neste aspecto, a minha mãe teve papel importante na vida dele, ela foi uma espécie de secretária de luxo, era ela quem estava ao lado dele. Por isso também ela se achou no direito de escrever sobre ele por ter convivido tão de perto e em todos os momentos”, justifica Pedro Neto.

Foi também por meio de Nevinha que a cidade de Tabira ganhou um largo em Portugal. O Largo Tabira de Pernambuco integra o cenário da região de Algarve após estudos de um historiador do país, curioso em buscar a origem dos nomes de Tavira, cidade portuguesa e do município do Sertão pernambucano, cuja pronúncia é a que prevalece nas terras portuguesas.

“Na época, o prefeito mandou para o historiador um livro de minha mãe chamado ‘Tabira, História e Estórias’, e eles passaram a trocar informações por cartas.

Entusiasmado com o que leu, propôs à Câmara de Algarve nomear um Largo em homenagem à nossa cidade”, conta Pedro Neto, orgulhoso pelo papel de filho e de neto de dois nomes incontestáveis que, in memoriam, seguem proliferando o enredo do Pajeú em imagens e leituras, tais quais podem ser folheadas no último registro afetivo sobre a cidade e sobre um dos precursores de sua história.

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