Uma escola de João Pessoa, na Paraíba, está sendo acusada de tirar bolsas de dois alunos por eles serem gays. Em uma publicação no Twitter, um dos estudantes relata que seus colegas teriam sido informados de que perderiam a gratuidade na escola por usarem maquiagem e namorarem uma pessoa do mesmo sexo.
A publicação começa com o estudante falando que, normalmente, “os alunos se calam diante das situações horríveis que a escola impõe mas, com o último ocorrido na tal instituição, é impossível simplesmente fechar os olhos e fingir que nada aconteceu ou que nada acontece naquele ambiente”, diz. E ressalta que não é a primeira atitude homofóbica do colégio. “Reclamaram da ‘proximidade’ de duas meninas, tal como advertiram um casal gay por estarem de mãos dadas no colégio. Sem esquecer da exposição de Frida Kahlo, que foi removida e um dos motivos foi a bissexualidade da artista. Anularam totalmente a luta dela, seu valor artístico e a grandiosidade de dela pois, segundo a coordenação, as crianças não estavam aptas o suficiente para compreender aquilo”, afirma.
O relato continua com mais casos que teriam ocorrido na instituição. “Durante uma aula sobre atualidades, o professor usou o termo ‘homossexualismo’, que já foi abolido pela ONU e OMS justamente por tratar a condição sexual como doença. mas se já não bastasse, o mesmo fez questão de utilizar expressões como “ele era normal” ao falar sobre transsexuais e ainda afirmou que heterofobia existe”, continuou.
Os dois estudantes que perderam as bolsas são irmãos gêmeos e, de acordo com relato de um deles publicado pelo colega, os dois têm boas notas e são atletas que representam a escola em competições. Mas quando assumiram serem gays, as coisas mudaram. “Só no ano passado que eu comecei a aceitar quem eu sou de verdade. Comecei a fazer coisas que eu sempre tive vontade, mas nunca fiz por medo dos julgamentos dos outros. Achei que podia ser eu mesmo na escola, mas me enganei. Fui humilhado pela coordenação apenas pelo fato de que eu estava usando maquiagem”, relata.
O agora ex-aluno da instituição diz que a coordenação do colégio pediu para que ele retirasse a maquiagem, com a alegação de que ele “desrespeitava a escola”. “Eles resolveram retirar a minha bolsa, com a justificativa que eu desrespeitava a escola por usar maquiagem, que os pais de alunos não queriam um menino usando maquiagem na escola. E retiraram a bolsa do meu irmão, pelo fato de que ele namorava um menino”, continua.
Nota de esclarecimento Interactivo Colégio e Curso
“O Colégio Interactivo, ao longo dos seus 20 anos de história em serviços prestados para as famílias paraibanas e sendo referência em ensino de qualidade em João Pessoa, viu com perplexidade as falsas e levianas acusações que foram disseminadas em algumas redes sociais da internet.
Queremos esclarecer a toda a sociedade que o Colégio Interactivo, incluindo toda a direção, todo o corpo docente e demais colaboradores da instituição, não faz qualquer tipo de discriminação de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer tipo de acepção de pessoas, sejam de dentro do ecossistema da escola ou não. O Interactivo repudia veementemente tais praticas em suas unidades, tendo, inclusive um programa de prevenção e combate à violência sistemática implementada por meio do Projeto denominado “Atitude”, existente há cerca de quatro anos.
O Colégio Interactivo ainda esclarece que anualmente oferece descontos e bolsas integrais a estudantes, que são concedidas e reavaliadas individualmente e em acordo com critérios claros baseados no desempenho dos alunos, bem como disponibilidade financeira – pontos alinhados previamente entre pais/responsáveis e escola e em conformidade entre as partes, ressaltando que a não renovação de bolas ou descontos não é impeditivo que o beneficiado continue estudando na escola.
Portanto, a direção da escola deixa claro que é a favor da liberdade de expressão, e que baseia seus valores em ética, lealdade, afetividade, compromisso e cristianismo, bem como investe no conforto no ambiente de estudo e convivência e, essencialmente, nas pessoas que utilizam e usufruem de nossa estrutura e que também acreditam na nossa essência para construir seu futuro sócio-educacional.
A direção.”