O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da 2ª
Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Caruaru,
instaurou inquérito civil para apurar notícia de fato que aponta prática
de grave infração funcional constante na acumulação indevida de cargos
por um casal de médicos anestesistas que davam plantão nos hospitais
Regional do Agreste (HRA/ Público) e Unimed Caruaru (Privado), nos
mesmos dias e horários, sendo um deles na função de direção.
O MPPE considerou a análise das cópias das escalas de plantão dos
anestesistas e livros de registros de cirurgias realizadas, referentes
aos meses de janeiro a novembro de 2015. O MPPE oficiou várias entidades
para investigar a conduta, e, especificamente, a Secretaria de
Administração Municipal, para que informe ao MPPE o valor da remuneração
recebida pelos médicos ora investigados, referente ao período
trabalhado para o município de Caruaru.
De acordo com o caput do artigo 9°, da Lei n°8.429/92, constitui ato
de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
cargo, mandato, função, emprego ou atividade em entidades públicas ou
privadas, cujo o custeio de mais de 50% de suas receitas anuais sejam
pagos com recursos públicos.
Anteriormente, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Caruaru,
no início de janeiro, recomendou aos diretores do HRA, do Hospital
Jesus Nazareno (HJN) e da Casa de Saúde Bom Jesus realizar efetiva
fiscalização e controle dos profissionais, com o objetivo de se evitar a
prática da prestação de serviços de médicos anestesistas, contratados
por meio de cooperativas, escalados para plantões simultâneos em
unidades de saúde públicas e privadas.
De acordo com o promotor de Justiça de Saúde de Caruaru Paulo Augusto
Oliveira, os gestores dos hospitais públicos devem instaurar
procedimentos administrativos, a fim de apurar a prática e assegurar que
ela não se repita. Já ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco
(Cremepe), o MPPE recomendou fiscalizar os casos de médicos anestesistas
contratados para atuar em mais de um estabelecimento nos mesmos dias e
horários. Além disso, o conselho profissional deverá instaurar
procedimento administrativo interno para apurar, ao longo dos últimos
três anos, a conduta ética dos profissionais que foram alvo de notícia
de fato encaminhada ao MPPE e responsabilizá-los por quaisquer desvios
cometidos.
Por fim, o MPPE recomendou à Cooperativa dos Médicos
Anestesiologistas do Interior de Pernambuco (Coopagreste) adotar as
providências cabíveis para impedir que situações como a noticiada voltem
a ocorrer. A cooperativa também deve instaurar procedimento semelhante
ao do Cremepe, a fim de apurar a responsabilidade dos profissionais que
teriam sido escalados irregularmente.
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