Seis milhões de latino-americanos cairão na vulnerabilidade e exclusão da pobreza extrema este ano, se for mantida a tendência, acentuada nos últimos anos, estimou nesta quinta-feira (28) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Em uma região com 620 milhões de habitantes, em 2019 haveria 27 milhões pobres a mais que em 2014, e 26 milhões se encontrariam em situação de pobreza extrema, afirma o relatório dessa entidade com sede em Santiago.
“É a pior situação de exclusão, vulnerabilidade e carência”, disse, em coletiva de imprensa, Lais Abramo, diretora de desenvolvimento social da Cepal. Segundo ela, isso significa que há mais pessoas em cujos lares a renda per cápita não é suficiente para comprar uma cesta básica alimentar.
“É uma situação de extrema vulnerabilidade, as pessoas podem passar de uma situação a outra caso percam o emprego, enfrentem uma doença catastrófica ou se houver um desastre”, acrescentou Abramo.
O desemprenho fraco das economias regionais, que este ano devem crescer só 0,1%, a carência de programas efetivos de assistência social e os empregos precários explicam esta situação, que a América Latina vai demorar anos para reverter.
“A preocupação central é que para 2019 a perspectiva não é muito positiva, por isso ligamos o sinal de alerta do que tem que ser feito hoje para evitar que essa pobreza se acentue, como aumentar as aposentadoras”, disse Alicia Barcena, secretária executiva da Cepal.
– Lenta redução da desigualdade –
De acordo com o relatório, em 2019 o número de pobres aumentaria a 191 milhões, dos quais 72 milhões em situação de extrema pobreza. A quantidade de pobres é 6 milhões maior que os 185 milhões relatados em 2018.
Dessa evolução, destaca-se “o fato de que praticamente todas as pessoas que se somam neste ano à estatística da pobreza são integradas diretamente à pobreza extrema”, acrescenta.
Com esse indicador, a taxa de pobreza aumentaria a 30,8% da população da América Latina em 2019, o que equivale a um aumento de 0,7 ponto em relação aos 30,1% de 2018.
A pobreza extrema ficaria em 11,5% em 2019, uma alta de 0,8 ponto em relação ao ano anterior.
A pobreza extrema “afeta principalmente meninos, meninas e adolescentes, mulheres, pessoas indígenas e afrodescendentes, moradores de áreas rurais e desempregados”, resume o relatório.
A Cepal destaca que a alta de 2,3 pontos da pobreza entre 2014 e 2018 na média regional “se explica basicamente pelo aumento registrado no Brasil e na Venezuela”.
Nos demais países, a tendência dominante nesse período “foi de diminuição, devido, principalmente, a um aumento das receitas com trabalho para famílias com menos recursos, mas também a transferências públicas dos sistemas de proteção social e privadas, como as remessas em alguns países”, afirma a Cepal.
A organização também relatou uma “redução lenta na desigualdade de renda” na região.
“A América Latina é infelizmente conhecida como a região mais desigual do mundo. A desigualdade de renda é uma das expressões mais óbvias dessa desigualdade e é um obstáculo ao desenvolvimento e garantia dos direitos e bem-estar das pessoas, além de um fator que inibe a inovação, o aumento da produtividade e o crescimento econômico”, afirmou a Cepal.
Embora entre 2002 e 2014 a desigualdade de renda tenha diminuído significativamente, a partir de 2015 essa tendência desacelerou devido aos mesmos fatores que explicam a evolução da pobreza extrema e da pobreza.
As informações são da Agência AFP.
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