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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Após fechamento, fronteira da Venezuela com o Brasil é tomada por clima de tensão e medo


A fronteira do Brasil com a Venezuela virou território de tensão e medo. Com o fechamento da fronteira imposto pelo regime de Nicolás Maduro, imigrantes venezuelanos passaram a ser “caçados” em trilhas e estradas vicinais no limite da fronteira com o Brasil, na altura de Pacaraima. Na manhã deste domingo, dezenas de agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) vasculhavam, com armas de grosso calibre, trilhas abertas a menos de 300 metros do limite da fronteira com o Brasil, situação que, reservadamente, militares do exército brasileiro tratam como “provocação”.
Com a fronteira fechada desde a última quinta-feira, venezuelanos tentam acessar o território brasileiro por meio de trilhas na mata e na pastagem de fazendas de gado. Donela Mateus, de 34 anos, precisou passar a noite embrenhada no mato com uma filha de 3 anos, até chegar a Pacaraima. Nesta manhã, ela aguardava, na porta de um bar, o posto de fronteira abrir para pedir refúgio. A mãe e a criança dormiam num colchão improvisado.
– Nós somos caçados pelo governo do nosso próprio país. Ontem (sábado) achei que fosse morrer no mato, com minha filha achando que a gente ia levar tiro, conta Donela, que fez a travessia acompanhada de um grupo de seis pessoas que pretende chegar a São Paulo.
Na linha divisória do Brasil com a Venezuela, o que se vê na manhã deste domingo é um rastro de  pedras, paus, e destruição na pista. A bandeira venezuelana foi arrancada do mastro. Os militares do regime Maduro observam de perto a movimentação de venezuelanos que estão no lado brasileiro e que, com o avançar do dia, vão se aglomerando no limiar da fronteira. Alguns imigrantes fazem provocações contra os guardas, do lado brasileiro, sem adentrar o limite da fronteira.
– Ontem tacaram gás e até pedras na gente. Não vamos deixar barato, diz um venezuelano mais exaltado que vendia cigarros na fronteira.
Pelo menos 14 venezuelanos precisaram atravessar a fronteira, nos últimos dois dias, para receber atendimento médico no lado brasileiro. Quatro foram feridos à bala. Apenas ambulâncias têm permissão para atravessar do lado venezuelano para o brasileiro, já que os hospitais do país vizinho estão em situação precária e sem capacidade de atendimento.
Um militar brasileiro que atua na região de Pacaraima há dois anos e observava à distância a movimentação dos soldados bolivarianos nas trilhas disse que a Guarda Nacional do país vizinho “nunca chegou tão próximo”.
Ajuda humanitária
Depois dos confrontos de ontem, o exército brasileiro estuda uma nova maneira de entregar a ajuda humanitária aos venezuelanos, mas há o temor de que o novo gesto do governo brasileiro gere mais conflitos na região fronteiriça.
Duas camionetes que tentaram entrar ontem na Venezuela foram retiradas da divisa e levadas para o quartel de Pacaraima.
Tropas de choque do chavismo  reprimiram neste sábado moradores da cidade venezuelana de Santa Elena que pretendiam participar das ações para abrir um canal humanitário na fronteira com o Brasil. Segundo a prefeitura da cidade venezuelana, quatro pessoas já morreram e 25 foram feridas a tiros.
Por meio de nota,  o Governo do Brasil expressou sua condenação de modo veemente aos atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro, no dia 23 de fevereiro, nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que causaram várias vítimas fatais e dezenas de feridos. Com informações de O Globo.

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