Na véspera do Dia de Finados o mercado informal dos defuntos se fortalece em Serra Talhada e dá a oportunidade de mulheres ganharem algum dinheiro para manter a casa e os filhos. Para a maioria delas o dinheiro é pouco, apenas R$ 100 por mês, com o tempo algumas delas conseguem apurar quase um salário mínimo, a custa de muito trabalho. O blog foi até o cemitério de Serra Talhada para conhecer um pouco da rotina das cuidadoras de túmulos, que cumprem uma jornada de pelo menos três dias na semana e recebem de R$ 15 a R$ 20 por cova.
Joaquina Timóteo, 63 anos, moradora do Borborema, tem cinco filhos, é aposentada e trabalha há cerca de três anos no cemitério da cidade. “Eu faço tudo, agou as covas, limpo, varro, faço os canteiros, planto e trabalho a semana toda, direto. Venho três vezes na semana e agora estou vindo todo dia, tenho um bocado de covas para ajeitar todo dia. Mulher, eu não sei nem te dizer quantas eu limpo por dia. Mas eu ganho pouquinho e ganhamos por cova, tem delas que é R$ 15, tem delas que é R$ 20 e isso por mês. Me ajuda muito em casa”, relatou.
Elisângela dos Santos, de 32 anos, desempregada, moradora do Borborema e tem cinco filhos, viu no trabalho de cuidar de covas no período de finados como uma oportunidade de complementar a renda. “Estou aqui há uma semana, eu realmente preciso, tenho cinco filhos para dar de comer, recebo o Bolsa Família e pago o aluguel. Ontem mesmo ganhei R$ 20 e já foi o pão de noite para eles. Vou ganhar R$ 100 até o dia de finados e talvez eu fique trabalhando, eu vou tentar arrumar outro trabalho, nem que seja em casa de família”.
Já Maria da Penha, 48 anos, trabalha há mais de 12 anos e é moradora do Bom Jesus e também afirmou que ganha pouco, mas esse feriado de finados está usando da criatividade e investiu no negócio de ‘didas’. “Eu ganho bem uns R$ 100, às vezes é até mais, a base é essa. Eu cuido de umas oito covas por dia e venho todo dia nesse período, agora depois de finados a gente vem um dia sim outro não. Tenho um filho de quatro anos, venho enquanto ele está na escola e meu marido também trabalha. Esse ano trouxe ‘dida’ para vender também a R$ 0,50”, afirmou.
Enquanto isso, Lenilda Maria de Moura, de 66 anos, tem sete filhos e trabalha há 20 anos no cemitério e é uma das mais antigas cuidadoras e relatou que tem meses que chega a juntar quase um salário. “Eu trabalho todos os dias aqui plantando, varrendo, aguando túmulo e capela. Eu nem sei quantas covas eu ajeito por dia, porque eu num conto, são muitas e entre tudo eu recebo quase um salário, sou uma das mais antigas aqui. Eu gosto de trabalhar com isso, porque eu tenho umador na perna e se parar é pior”, disse a cuidadora.
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