O primeiro ano de mandato da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), foi marcado por desgaste com deputados estaduais e por acenos ao presidente Lula (PT), mesmo sendo de um partido historicamente adversário ao dele. As informações são do Jornal Folha de São Paulo.
Logo no início da gestão, Raquel Lyra desagradou uma parte da Assembleia Legislativa ao montar um secretariado predominantemente com indicações técnicas.
Os deputados esperavam fazer indicações no primeiro escalão do governo de Raquel, que se elegeu contando com apenas três deputados do PSDB.
A movimentação não aconteceu, e ela viu seu colega de partido, Álvaro Porto, ser candidato único à presidência da Assembleia com aval inclusive do PSB, partido que foi para a oposição após 16 anos no poder no estado.
A preferência de Raquel Lyra era por uma candidatura do PP, que possui oito deputados e faz parte da base do governo. Mas, como viu Álvaro Porto fortalecido, a governadora optou por não intervir na disputa e evitar eventuais represálias.
Isso não foi suficiente para evitar animosidades entre o Executivo e o Legislativo. Neste ano, Raquel Lyra sofreu derrota também na votação de vetos ao projeto de Orçamento de 2024. Outros projetos de interesse do Executivo tiveram aprovação na Casa, mas com alterações.
Os deputados se queixam da ausência de diálogo nas propostas e do envio de projetos às pressas, segundo eles, pelo Executivo, com pouco tempo para apreciação. Além disso, falam em demora na liberação de emendas parlamentares e recursos voltados para as bases eleitorais, sobretudo no interior.
Nas eleições municipais, Raquel Lyra deve apoiar o secretário de Turismo de Pernambuco, Daniel Coelho (Cidadania), na disputa no Recife contra o atual prefeito João Campos (PSB), que tentará a reeleição.
O governo estadual vê João Campos como favorito, mas quer desgastá-lo. O principal objetivo é levar a eleição para o segundo turno e impedir que João Campos ganhe na etapa inicial. A leitura do entorno de Raquel é que, mesmo se for reeleito, ir ao segundo turno já será um revés para o PSB.
Além de Daniel Coelho, Raquel Lyra não descarta apoiar outro candidato no Recife. Um nome afinado com a governadora é o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede), mas o entrave está na federação partidária PSOL/Rede, já que o PSOL —opositor de Raquel— lançou a pré-candidatura da deputada estadual Dani Portela.
Mas Raquel não pretende se engajar nas disputas nos municípios.
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