Umburana, jatobá, angico, pau ferro, imburana de cheiro, imburana de cambão, batata de pulga, batata tiú, cajueiro, quixabeira, quina, feijão brabo, alecrim, cajueiro, mulumgu, aroera, raiz manacá e ameixa. Quantas meizinhas, xaropes e chás a cultura sertaneja têm em suas histórias, são uma infinidade de raízes e cascas de pau que os mais velhos conhecem e utilizam em remédios ‘milagrosos’.
Nessa quarta-feira (30), o blog encontrou com um ‘doutor raiz’, um vendedor de especiarias da feira livre de Serra Talhada que há 24 anos vende e ensina receitas a partir de espécies da flora da Caatinga.
O ‘doutor raiz’ que também carrega um nome tipicamente nordestino, Leonel Sebastião Viturino, 74 anos, morador da AABB, é natural de Serra Talhada e morou a vida inteira na comunidade do Jazigo e trabalhou como agricultor. Ao vir para cidade resolveu trabalhar como feirante, vendendo produtos que lhe são familiares desde pequeno.
O senhor Leonel reconhece que com os avanços tecnológicos na área de saúde, o conhecimento popular dos remédios naturais está restrito a poucos. Segundo ele, as pessoas da cidade não conhecem os benefícios dessas especiarias, mas ele aprendeu sozinho e observando a cultura local com os mais velhos.
“Eu entrei aqui na feira desde 1992, desse tempo para cá que eu luto com isso aqui. Fui criado na agricultura e quando vim para a cidade com 40 anos. Sou casado e tenho seis filhos, tem duas em Feira de Santana, uma em Parnaíba no Piauí e duas aqui em Serra e também já tenho seis netos.
Comecei a vender isso aqui porque de tudo que eu achasse eu trabalhava, mas eu ia ficar mais velho e não ia aguentar esses serviços. Então, eu comprei uma barraca lá perto da Imaculada (Colégio das Freiras) e depois vim para cá pro pátio. É importante e é bom ter essas coisas , mas o povo não conhece e é ruim de vender e remédio natural eu conheço um bocado”, relatou Leonel.
Em uma consulta gratuita, o ‘doutor raiz’ receitou para sinusite e outros problemas respiratórios inalar um chá feito com quina, feijão bravo e alecrim e ainda usar a mistura como descongestionante nasal. Leonel Viturino lembra de muitos enfermos que ajudou a curar, mas contou um caso especial.
“Me lembro muito de um homem que chegou aqui e pediu umas cascas. Eu perguntei para quê ele queria e ele contou dessa tosse, lhe ofereci um xarope que eu mesmo faço. No dia seguinte ele voltou dizendo que já tinha dormido melhor. Todas essas coisas que eu sei tenho que anotar para deixar para a família usar um dia”, finalizou com orgulho o ‘doutor raiz’.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.