sábado, 25 de abril de 2020

Pressão por impeachment cresce: Maia já tem quase 30 pedidos sobre a mesa


As acusações feitas pelo agora ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) contra o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal deram novos argumentos aos defensores da abertura de um processo de impeachment. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acumula sobre sua mesa quase 30 ações contra Bolsonaro, número que deve aumentar nos próximos dias. O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), anunciou que entrará, ainda nesta sexta-feira (24), com novo requerimento contra o presidente por causa da denúncia feita por Moro.
Para Randolfe, Bolsonaro cometeu pelo menos dois crimes: de advocacia administrativa e falsidade ideológica ao tentar interferir na autonomia da PF e de incluir a assinatura de Moro no ato de exoneração do ex-diretor-geral da instituição Maurício Valeixo. Ambos os casos foram relatados pelo ex-ministro ao justificar sua saída do governo. “Diante dessas gravíssimas acusações não nos resta outra alternativa, a não ser, ainda no dia de hoje, protocolar o pedido de afastamento, de impeachment, do senhor presidente da República”, disse. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) e a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR) também assinarão o documento.
O tom adotado por parte da oposição em relação ao pronunciamento de Moro ainda é de certa cautela. O ex-ministro da Justiça é considerado pelo PT um de seus principais inimigos por ter condenado o ex-presidente Lula e conduzido a Operação Lava Jato, que provocou enormes estragos no partido. Os ataques de petistas foram direcionados nesta sexta tanto a Bolsonaro quanto a Moro.
O líder da oposição na Câmara, o pedetista André Figueiredo (CE), considera que o clima está ficando insustentável para o presidente. “A situação hoje é bem diferente de algumas semanas atrás. Aliás, o longo prazo neste atual governo não pode ser mais que 24 horas. O PDT, inclusive, protocolou pedido de impeachment na quarta-feira, antes mesmo dessas denúncias”, afirmou ao Congresso em Foco. Segundo ele, lideranças oposicionistas devem discutir de maneira mais aprofundada, ainda hoje, possíveis desdobramentos da nova crise política.
No domingo, André Figueiredo afirmou que considerava arriscada a apresentação de um pedido abertura de processo contra o presidente. “Não vamos fazer o jogo dele”, ressaltou ao comentar a participação de Bolsonaro em ato pró-intervenção militar em frente ao Quartel General do Exército. O argumento usado por ele era de que o presidente ainda tem apoio popular para barrar um processo de impeachment e que, ao final do processo, poderia sair fortalecido. André admite que o cenário está mudando. “Vejo que a situação de Bolsonaro está ficando insustentável”, disse hoje.
Lula também tem subido o tom das críticas ao presidente. “É preciso começar o ‘Fora, Bolsonaro’”, disse ontem o petista em entrevista à CBN de Fortaleza.  O líder do PT na Câmara, Ênio Verri (PR), admitiu que as acusações feitas por Moro contra Bolsonaro, de interferência na autonomia da PF, são graves, mas também cobrou investigação do ex-ministro. “Moro confessou de um crime, que foi o de aceitar o cargo de ministro de Estado mediante a garantia de uma pensão. Nesse sentido, Moro se equivale a Bolsonaro, a quem acusa de desvirtuar as funções públicas para proteger os filhos. Esse fato deve ser investigado”, defendeu.
Desde a posse do presidente da República, Maia negou sumariamente apenas um pedido – o primeiro – de impeachment de Bolsonaro, ainda em fevereiro de 2019, por considerá-lo apócrifo. O arquivamento ocorreu no mesmo dia da apresentação do documento. O procedimento dali em diante foi diverso. Os demais aparecem em análise nos registros da Câmara. Até o último dia 8, 23 estavam nessa situação. Outros, no entanto, engrossaram a lista de lá para cá. A Secretaria-Geral da Mesa informou hoje que ainda está compilando o novo número.

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