Agentes da Lava-Jato no Rio saíram às ruas na manhã desta segunda-feira para cumprir mandado expedido pela Justiça em nova fase da operação. O procurador do estado Renan Saad foi preso sob suspeita de ter recebido propina em obras do metrô do Rio.
A operação foi desencadeada após a delação premiada do ex-diretor de contratos da empreiteira Odebrecht Marcos Vidigal do Amaral. Saad teria recebido R$ 1,265 milhão em pagamentos relacionados ao metrô do Rio. O delator disse que o procurador recebeu R$ 300 mil de caixa 2 em troca de um parecer sobre a Linha 4 que alterava o seu trajeto inicial, além de desvios no uso do tatuzão, que consome por mês R$ 2,9 milhões mesmo parado.
Os agentes deixaram a sede da Polícia Federal do Rio pouco antes de 6h desta segunda-feira e cumpriram o mandado na casa de Saad, em São Conrado, na Zona Sul do Rio.
Pareceres favoráveis de Saad teriam sido “fundamentais” para viabilizar as obras da Linha 4, segundo a investigação.
O procurador, que era identificado no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht como “Gordinho”, teria recebido repasses da empreiteira entre 2010 e 2014, de acordo com a força-tarefa. Um deles — de R$ 100 mil — teria sido realizado em dinheiro vivo no escritório de advocacia de Saad.
O Custo do Tatuzão
Em maio de 2017, o Ministério Público cobrava R$ 3 bilhões por fraudes na Linha 4 do Metrô em uma ação contra 30 réus envolvidos nas irregularidades, entre os quais o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-secretário de Transportes Júlio Lopes e empreiteiras que participaram do consórcio.
As obras da Linha 4 foram iniciadas em março de 2010, pelo Trecho Oeste, enquanto que as obras do Trecho Sul só foram iniciadas em outubro de 2012. A previsão inicial de conclusão das obras e a entrada em operação da Linha 4 era o mês de junho de 2016, porém apenas a ligação entre a Barra (Jardim Oceânico) e Ipanema (Estação General Osório) entrou em operação nesta data. A Estação Gávea tinha previsão para estar concluída em janeiro de 2018 (segundo o termo aditivo nº 4), mas até agora não saiu do papel. Um inquérito civil apura a paralisação da obra.
O tatuzão consome, por mês, R$ 2,9 milhões, segundo o contrato de concessão da Linha 4. Os valores são reajustados a cada ano. O equipamento, estacionado desde abril de 2016 em uma caverna sob a Rua Igarapava, no Alto Leblon, custava até dois anos atrás R$ 29,2 milhões. Já os dois canteiros na Gávea custavam R$ 222.968,57 por mês. Tiveram suas obras interrompidas em março de 2015, consumindo R$ 5 milhões em recursos.
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