ACADEMIA

domingo, 21 de julho de 2019

Festival de Inverno de Garanhuns resiste à chuva


Ainda que as atrações da Praça Mestre Dominguinhos agreguem o maior número de público e, portanto, costumem chamar mais atenção, o Festival de Inverno de Garanhuns é como um grande organismo vivo, alimentado por diferentes vertentes artísticas que ocupam a cidade agrestina. São centenas de atividades acontecendo em pontos descentralizados e que privilegiam as mais variadas linguagens artísticas. Nesse sentido, é interessante perceber como o trabalho de construção de público do festival ao longo de 29 anos deu certo, como têm provado esses primeiros dias do evento, com a população e turistas comparecendo às ações a despeito das constantes chuvas.
Desde a abertura do festival, na última quinta-feira (18), já caía uma leve chuva sobre Garanhuns. Nada que assustasse os frequentadores do festival, afinal é certeiro que no período do evento sempre chova. Mas, desde sexta, a constância das águas tem gerado um clima de moleza generalizado. É de se imaginar que uma das características mais comuns do público do FIG, a de sair na cara e na coragem para descobrir novos artistas, esteja arrefecida, mas isso não quer dizer que as atividades estejam esvaziadas.
Ontem, por exemplo, a Catedral de Santo Antônio ficou lotada à tarde, com o público se apertando para assistir à apresentação de Antonio Nóbrega e o SaGrama. O artista e o grupo instrumental apresentaram composições de seus repertórios. Na Praça da Palavra, espaço dedicado à literatura, durante a tarde teve programação voltada para as crianças, dentro do projeto Figuinho, que abarcou ainda atividades de circo no Parque Euclides Dourado e de música e contação de história no Parque Ruber Van Der Linder. Por falar na área de literatura, a grande atração de ontem seria Jomard Muniz de Brito, homenageado da praça. Ele, no entanto, não pode comparecer por questões pessoais.
JACKSON E ELBA
Se a princípio a garoa e o frio afastaram o público, ao longo da noite da sexta-feira (19), a praça Mestre Dominguinhos foi ficando cheia e com a energia que é característica do FIG. Em um dos pontos altos da noite, Elba Ramalho fez todos esquecerem um pouco das condições climáticas para celebrar ao som de clássicos do forró e do frevo.
Com atraso de cerca de 1h30, por conta da chuva, os shows do palco Mestre Dominguinhos tiveram início tímido com apresentação da banda Golden Hits. Em clima de festa de formatura, o grupo garanhuense cantou, ainda para uma plateia pequena, sucessos de diferentes gerações da música nacional e internacional.
Em seguida, Alessandra Leão, Renata Rosa, Caçapa, Siba, Juliano Holanda, Mestre Anderson Miguel e A Fuloresta fizeram uma excelente homenagem a Biu do Roque. A celebração da obra do artista pernambucano, falecido em 2010, contou ainda com dois dos filhos dele, Mané Roque e Maíca Soares. Com muito maracatu, coco, ciranda, o show conquistou o público, que entrou nesse grande festejo da cultura popular. Antes de sair, Siba criticou o presidente Jair Bolsonaro e foi ovacionado pela multidão.
Quando subiu ao palco, Elba Ramalho era de um fôlego tão intenso que poucos podiam imaginar que, há menos de um mês, ela foi diagnosticada com chikungunya. Quando ela contou que, mesmo doente, cumpriu a maratona de shows do São João, se apresentou nos Estados Unidos e já emendou com o FIG, foi muito aplaudida por todos. De fato, a energia da cantora era tanta que ela não parava quieta, inclusive enfrentando a chuva em alguns momentos para chegar mais perto do público.
A apresentação começou com canções do seu disco mais recente, O Ouro do Pó da Estrada (2018), incluindo uma versão de Princesa do Meu Lugar, de Belchior. Após esse primeiro bloco, a paraibana cantou sucessos como Chão de Giz, de Zé Ramalho, seguidos por clássicos do forró, como Qui Nem Jiló e Sebastiana, em homenagem a Jackson do Pandeiro. Houve ainda a apoteose do frevo, com bloco que contou com faixas como Frevo Mulher.
Quando avistou o músico e compositor Juliano Holanda na plateia, Elba fez uma série de elogios e enfatizou que Na Areia, faixa que ele escreveu para o disco dela, é uma de suas favoritas (a cantora não interpretou a canção por questão de horário). Quem também recebeu afagos de Elba foi Almério, que ela apontou como um dos destaques da nova cena pernambucana, e Yuri Queiroga, que integra sua banda.
Ela voltaria ainda para celebrar o amigo Jackson do Pandeiro no show comemorativo ao conterrâneo paraibano, comandado por Silvério Pessoa. Jackson, grande homenageado deste ano do Festival de Inverno de Garanhuns, teve sua obra revisitada ainda por Zélia Duncan, que dividiu os vocais com Elba em A Ordem É Samba, Geraldo Maia, Lady Laay, Maciel Salu, Mari Periférica e Luiza Fitipaldi.
NOITE DELAS
A noite de hoje no Mestre Dominguinhos começa com o rapper garanhuense Neander, mas logo em seguida é marcada por vigorosas intérpretes. Às 21h, Karina Buhr sobe ao palco e deve apresentar, além de canções de seus três discos anteriores, faixas de Desmanche, álbum que chega às plataformas digitais sexta-feira (26). Às 22h, é a vez de Letrux entoar as faixas do seu disco Noite de Climão, como Vai Render e Ninguém Perguntou Por Você. Fechando a programação do dia, Céu se apresenta às 23h com show comemorativo dos seus 15 anos de carreira.

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