Mais de 80 mães de crianças com síndrome congênita do vírus zika se reuniram em frente à agência do INSS, na Avenida Mário Melo, no bairro de Santo Amaro, Centro do Recife, para protestar contra os cortes do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O benefício é garantido para as crianças que nasceram com microcefalia. Para ter acesso ao valor de R$ 988 mensais, é preciso ter renda familiar menor que 1/4 do salário-mínimo vigente.
Apesar de ser garantido por lei, mais de 20 mães reclamam que estão com o dinheiro bloqueado desde o último mês de junho. Membros da União de Mãe de Anjos (UMA) se mobilizaram em protesto a falta de repasse. A maior parte das mulheres que dependem do benefício ficam impedidas de voltar ao mercado de trabalho e custeiam medicamentos, alimentação, tratamento, além de aluguel e contas domésticas, com o salário mínimo, já que os filhos precisam de atenção integral.
"Fui no banco fazer a prova de vida, mas disseram que o valor foi bloqueado pelo INSS. Não conseguimos resolver e as contas estão chegando. Moro de aluguel, meu marido está desempregado e não tenho condições de trabalhar porque preciso cuidar da minha filha o dia todo. Infelizmente estamos passado por esse desgaste de ter que ir para rua exigir algo que temos direito. É uma falta de respeito ", reclama Gleyse Kelly, de 31 anos, que está no 7° mês de gestação, é mãe de Maria Geovana, de 3 anos e 9 meses, portadora de microcefalia, e mais outras três crianças.
A resposta que muitas dessas mulheres recebem no INSS é que seria preciso aguardar de 30 a 80 dias para voltar a receber o BPC. No entanto, os custos aumentam com o leite e os remédios. "Uma lata do leite específico para as crianças custa R$ 60 e dura apenas quatro dias. Gasto mais de R$ 500 em medicamentos. Eu parei de trabalhar para cuidar do meu filho e estou pedindo dinheiro emprestado para compensar as dívidas", lamenta Jaqueline vieira, 28, mãe de Daniel, de 3 anos e 9 meses e João Pedro, de 7 anos.
Resposta
O Diario procurou o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que informou não responder sobre o assunto. A reportagem, então, procurou o Ministério da Cidadania e aguarda um posicionamento do órgão. (Diário de Pernambuco)
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