domingo, 18 de maio de 2014

Itaquerão é inaugurado envolto em polêmicas: saiba quais são

Após atrasos e muitas controvérsias, que vão desde o nome do estádio ao uso de dinheiro público nas obras, o Itaquerão (zona oeste de Sâo Paulo) recebe neste domingo sua primeiro partida oficial - o confronto entre Corinthians o Figueirense, às 16h de Brasília.
A menos de um mês para o jogo de abertura da Copa do Mundo entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho, o evento de hoje será um teste apenas parcial para o Mundial, já que as estruturas provisórias, como parte da arquibancada, ainda não estão prontas.
Confira abaixo algumas das polêmicas que maracaram a construção do Itaquerão.
Morumbi x Itaquerão

O projeto inicial previa que o estádio do Morumbi, pertencente ao São Paulo Futebol Clube, sediaria a abertura da Copa do Mundo, mas desentendimentos em relação aos custos e ao financiamento das obras de reforma necessárias inviabilizaram a proposta.
A opção foi descartada em junho de 2010 porque não foram entregues ao Comitê Organizador Local da Copa do Mundo 2014 (COL) as garantias financeiras do projeto, então cotado em R$ 630 milhões.
Outras ideias chegaram a ser estudadas, como a construção de um novo estádio pelo governo do Estado em Pirituba, na zona oeste de São Paulo, ou a reforma do estádio municipal do Pacaembu (centro-oeste).
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) sugeriu então à Prefeitura e a o governo do Estado que a abertura da Copa fosse realizada no estádio que o Corinthians pretendia erguer onde ficava seu centro de treinamento, em Itaquera (zona leste da capital).
Ficou mais caro

O orçamento original previa gastos de R$ 850 milhões. No mês passado, porém, o presidente do Corinthians, Andres Sanchez, disse que o estádio vai custar de R$ 950 a R$ 990 milhões.
Entre os gastos não previstos inicialmente, estavam os investimentos em estruturas para a Copa que não seriam aproveitadas depois pelo clube. O Corinthians, porém, acabou tendo que voltar atrás e vai gastar cerca de R$ 60 milhões em estruturas complementares ao redor do estádio, principalmente para as áreas de mídia e segurança. Elas serão desmontadas depois do Mundial.
Já as arquibancadas provisórias ficaram sob a responsabilidade do governo do Estado, que conseguiu repassar o custo para o setor privado (entenda abaixo).
Dinheiro público?

Assim que foi definido o novo local, o governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo divulgaram nota em que 'descartam completamente a hipótese de utilização de recursos públicos para a construção de novo estádio'.
No comunicado, disseram que os investimentos públicos seriam 'canalizados para obras e intervenções permanentes, como a construção de linhas do metrô e a melhoria do sistema viário e do transporte público'.
A obra, porém, está contanto com ampla isenção fiscal, o que na prática significa dinheiro público que não será recolhido por meio de impostos.
Em 2001, o então prefeito de São Paulo Gilberto Kassab assinou uma lei prevendo a emissão de R$ 420 milhões em Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs) para Corinthians. Esses certificados podem ser vendidos futuramente - com algum desconto - para que outras empresas o utilizem para pagar impostos.
Além disso, Kassab também concedeu isenção total do Imposto Sobre Serviço (ISS), o que vai siginificar perdas de ao menos R$ 42 milhões em arrecadação.
Já os gastos com a construção da arquibancada provisória, que vai elevar a capacidade do estádio durante a Copa de 47 mil para 67 mil assentos, quase sobraram para o Estado. O governador Geraldo Alckmin chegou a anunciar em 2011 que São Paulo bancaria a estrutura, já que seria de interesse do Estado receber o jogos do Mundial.
Com a repercussão negativa, o governo consegiu um acordo com a fabricante de bebidas Ambev, que arcará com o investimento em troca de espaço publicitário. A empresa orçou as obras em R$ 37 milhões, quase metade do valor originalmente avaliado como necessário (R$ 70 milhões).
A construção do Itaquerão também conta com financiamento a juros subsidiados de R$ 400 milhões do BNDES.
Mortes e atraso

Três operários morreram nas obras do Itaquerão. Em março deste ano, Fabio Hamilton da Cruz caiu de uma altura de 8 metros enquanto instalava as estruturas temporárias nas arquibancadas do estádio.
Num episódio ainda mais grave, em novembro do ano passado, uma parte da estrutura metálica do Itaquerão desabou, matando dois operários e destruindo parte do estádio em construção.
A arena estava com 94% das obras prontas e tinha inauguração prevista para janeiro de 2014. O acidente foi um dos motivos que atrasou a entrega do Itaquerão.
Com o atraso na inauguração, não haverá um jogo teste de casa cheia antes da abertura da Copa, pois a arquibancada provisória ainda está sendo finalizada. Para a partida deste domingo, menos de 40 mil ingressos foram liberados.
Moradia mais cara

As obras do estádio e a realização dos jogos da Copa provocaram uma forte alta nos preços dos imóveis e dos aluguéis em Itaquera, afetando a população mais pobre da região.
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) - que denuncia a especulação imobiliária na cidade de São Paulo - deu ínicio à ocupação de um terreno privado ao lado do Itaquerão no ínicio desse mês.
Segundo a organização, há cerca de 4 mil pessoas no terreno - que está abandonado há mais de 20 anos e cujo valor de mercado é estimado em mais de R$ 20 milhões.
Sem nome

Até o nome do estádio virou motivo de controvérsia. A arena acabou ficando popularmente conhecida como Itaquerão, o que tem atrapalhado os planos do Corinthians de vender o nome do local para uma empresa, recuperando assim parte do que gastou na construção.
A intenção do clube arrecadar R$ 400 milhões com o negócios, que daria autorização de exploração do nome por 20 anos.
Enquanto isso, há uma grande confusão sobre como chamar o local. Nas entradas do estádio e nas placas de trânsito colocadas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), está impresso Estádio de Itaquera. O lugar é chamado também de Arena Corinthians em sinalizações de algumas estações do metrô.
Já no ingresso para os jogos, o estádio é a Arena de São Paulo - a Fifa não faz referência a nomes de times ou de empresas nos locais que recebem os jogos.
Fonte: GloboEsporte.com

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