Estadão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, até o final de seu terceiro mandato, o botijão de GLP, o gás de cozinha, fará parte da cesta básica. Na fala, ele rebateu as críticas de que isso representaria um gasto para o governo: “Quando faz benefício para povo pobre, custa caro”.
A declaração ocorreu nesta sexta-feira, em entrevista à rádio MaisPB, da Paraíba. “Nós tomamos a decisão de que, até 2026, o gás será dado de graça para 21,6 milhões de famílias”, disse. “O gás vai fazer parte da cesta básica”.
Na avaliação do presidente, o gás de cozinha tem que ser tratado como algo “elementar” para a população. “Da mesma forma que ele (cidadão) quer feijão, quer arroz, ele precisa do gás para cozinhar tudo isso”.
Na declaração, Lula já se prontificou a rebater críticas sobre o dinheiro direcionado aos benefícios. “O que é caro neste país é nossa dívida, pagamento de juros. Isso que é caro. Não fui eleito pelo mercado, acho que eles nunca votaram em mim. Então, eu não governo para o mercado, governo para o povo”, afirmou.
Nesta semana, o presidente já havia cobrado a inclusão do gás de cozinha na cesta básica. “O gás é barato. A Petrobras não tem o direito de queimar gás. Ela tem o direito de trazer o gás e colocar o gás à disposição desse povo. Para que o povo pobre possa fazer comida, se não vai fazer a volta à lenha”, declarou na última segunda-feira, em solenidade no Ministério de Minas e Energia.
A engenharia financeira criada pelo governo Lula para financiar o novo Auxílio Gás turbinado foi recebida com preocupação por especialistas em contas públicas. A avaliação é que se trata de um potencial drible do governo para a realização de gastos fora do Orçamento público e, portanto, fora do limite de despesas do arcabouço fiscal.
O objetivo do projeto de lei do governo, que aguarda análise do Congresso, é quadruplicar o valor do programa até 2026, ano de eleição presidencial. Com isso, o desembolso saltaria dos atuais R$ 3,4 bilhões para cerca de R$ 5 bilhões em 2025 e alcançaria R$ 13,6 bilhões em 2026, segundo as projeções do ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia. Já o público-alvo seria expandido para 20,8 milhões de famílias.
O texto prevê que o programa, rebatizado de Gás para Todos, será operado pela Caixa Econômica Federal, que poderá receber dinheiro diretamente de empresas de petróleo. “Parece uma repetição de governos anteriores, que buscaram métodos criativos de gastar sem que a despesa aparecesse na peça orçamentária”, afirmou o pesquisador do Insper Marcos Mendes.
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