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sábado, 31 de agosto de 2024

Uol faz entrevista com Mayco da Farmácia, candidato único à Prefeitura de Solidão

 


Uol

O município de Solidão, no Sertão de Pernambuco, tem apenas um candidato disputando a prefeitura nas eleições deste ano. Com o sugestivo nome que a cidade carrega, o cenário político de Solidão tem chamado a atenção na região. Além da candidatura solo para gerir a cidade, todos os 14 candidatos que disputam as nove cadeiras para vereador são da mesma coligação.

O município de pouco mais de 5 mil habitantes é administrado pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) há 16 anos. Quem deve manter a hegemonia do partido desta vez é Mayco Pablo Santos Araújo, o Mayco da Farmácia, de 36 anos. Esta é a primeira vez que Mayco, que é funcionário público concursado no setor de licitações, disputa uma eleição.

A escolha foi definida pelo atual prefeito de Solidão, Djalma Alves de Souza, o Djalma da Padaria, de 60 anos. “O Mayco é o pregoeiro do nosso município, foi isso que me levou a colocar ele como prefeito. Lógico que os ex-prefeitos queriam ser, mas depositei essa confiança no Mayco por ver nele gestão pública, que é isso que os municípios brasileiros precisam”, argumenta Djalma.

Para o prefeito, o fato de a eleição ter apenas um candidato é resultado de sua administração. “Eu mudei toda a estrutura de gestão. Até os opositores acharam que a nossa gestão estava corretíssima, então ficamos em um grupo só”, avalia.

Segundo Djalma da Padaria, na hora de escolher o candidato, alguns vereadores cogitaram se opor, mas teriam entendido que não haveria condições mínimas de rivalizar. “Por isso não teve oposição. Eles não tiveram forças para se levantar porque não tinham apoio da população”.

Mayco também segue o raciocínio do seu padrinho político e diz que a ausência de oposição se deve aos trabalhos recentes na administração da cidade. “Não é questão de ser é questão de ser ditadura, não é questão de ser algo imposto. Tem resultado e tem a resposta do povo”, ele resume.

Antes dos registros de candidatura, ainda tinha um ou outro que falava que iria sair como candidato. Mas acho que o que pesou foi eles pensarem assim: ‘Vou ser candidato para perder?’, disse Mayco da Farmácia.

Questionado sobre a ausência de oposição também na disputa por vaga na câmara municipal, o postulante diz que não há mecanismos locais que impeçam a oposição de apresentar candidaturas. “Aqui, inclusive, é uma cidade marcada por ter uma oposição. Por exemplo, digamos que a eleição termine hoje, até fevereiro do ano que vem já terá candidato lançado contra, porque já haverá os rachas no grupo e entre os vereadores. Aqui é uma cidade que tradicionalmente acontecia isso”.

Com relação aos 16 anos de PSB na cidade, o candidato se mostra cauteloso sobre a necessidade de uma alternância de poder. “Se for um grupo que crie um formato de ditadura, que só beneficie certas quantidades de pessoas, realmente necessita a alternância. Agora, se for um grupo que trabalha em prol da população, então a própria população reconhece isso e dá as respostas nessa forma de apoio, sem querer uma mudança”, diz.

Frio na barriga

Para o candidato, não dá para entrar no clima de ‘já ganhou’ mesmo sem adversários. Ele diz que o ritmo é praticamente o mesmo de um pleito com concorrentes.

O fato de não ter oposição só tirar aquela pressão política que existe, aquelas ofensas, aquelas questões de ficar jogando conversa de um lado para o outro. Mas em relação ao trabalho em si, ele é praticamente o mesmo “A gente tem que visitar os setores, tem que andar nas casas, encontrar com as famílias, fazer reuniões. O que muda é que não vai ter uma oposição pegando no seu pé em algum detalhe”, completa.

Ele, que nunca disputou uma eleição antes, confessa estar sentindo um frio na barriga ao se imaginar como prefeito. “Tudo que é novo gera aquele frio na barriga, porque você nunca lidou com aquilo. Eu lidava com o meu setor, com minha equipe de trabalho, mas a área de atuação de um prefeito é muito mais ampla. Você vai ter que lidar com pessoas de diferentes pensamentos, com várias situações, favoráveis e desfavoráveis. Então gera aquele sentimento, aquele friozinho, mas, como em toda minha vida, eu nunca me abaixei para nada”.

Mayco tenta contrapor o discurso de que é inexperiente na política apresentando um pouco da influência da sua família na região. “Apesar de eu não ter me engajado na política anteriormente, eu tenho pessoas ligadas à política em toda minha família. Tenho tio vereador, ou outro tio que hoje é pré-candidato a vereador, e familiares que já foram prefeitos, como Cida Oliveira, que é minha prima”, conta. Cida foi prefeita de Solidão de 2009 a 2016.

Candidatura solitária?

Tanto Djalma quanto Mayco parecem não muito felizes com os comentários na internet que relacionavam a situação de um candidato solitário com o nome da cidade.

“Eu acho que, quando uma pessoa faz essas analogias no mundo das redes sociais, está um pouco desinformada. Antes de falar: ‘em Solidão é uma candidatura solitária’, teria que ver o porquê. Por que não teve oponente? Antes de fazer um comentário desse, a pessoa deveria pelo menos ver a situação política do município”, critica o candidato.

“Eu vi vários comentários sem fundamento de pessoas que não têm conhecimento da nossa cidade, do nosso turismo religioso”, retruca o prefeito Djalma. “Algumas pessoas criticam por ser candidato único e de Solidão, aí é solitário. Mas somos uma cidade acolhedora, muito alegre, um povo humilde, guerreiro, trabalhador, aguerrido, que sabe, na verdade, o que é”.

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