A Polícia Civil de Pernambuco acusa o prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), de liderar um suposto esquema de fraudes em licitações que beneficiou empresários do município. Segundo a investigação, ele teria direcionado concorrências para retribuir o apoio financeiro recebido durante a campanha de 2020.
Cacique Marcos foi afastado do cargo após ser alvo da Operação Pactum Amicis, que investiga fraude, corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. “No período investigado, de janeiro de 2021 até setembro de 2022, 15 certames foram fraudados, gerando um dano ao patrimônio público de R$ 15,7 milhões”, afirmou o delegado Jeová Miguel, da Delegacia de Combate à Corrupção de Caruaru, nesta sexta-feira (4).
As licitações supostamente fraudadas eram, em sua maior parte, voltadas a materiais de construção e locação de veículos. “Quatro empresários foram beneficiados. Um da dedetização e outros três da engenharia civil e locação”, disse o delegado.
Os empresários favorecidos teriam feito doações para a campanha de Cacique Marcos, segundo a investigação. Os valores repassados não foram informados pela Polícia Civil.
Cacique Marcos era secretário
Embora tenha vencido o pleito de 2020, Cacique Marcos não pôde assumir a Prefeitura por causa de uma condenação da Justiça Federal que o deixou inapto. Ele, no entanto, foi nomeado para o cargo de secretário municipal de Governo e Planejamento pelo sucessor, Bal de Mimoso (Republicanos), que esteve à frente de Pesqueira até 2024.
“Apesar de ele não ser o prefeito, pelos elementos informativos que a gente obteve, Cacique Marcos ainda tinha muita força política dentro da gestão do município”, afirmou. A investigação não reuniu provas de que Bal também estaria envolvido no suposto esquema, de acordo com o delegado.
A Operação Pactum Amicis foi deflagrada pela Polícia Civil nos municípios de Pesqueira, Alagoinha e Arcoverde. A ação aconteceu na quinta-feira (3).
Foram cumpridos 15 mandados de busca domiciliar, um de afastamento do cargo, e um mandado de prisão. Segundo a Polícia Civil, também foi determinado o bloqueio de R$ 15,7 milhões da conta dos investigados.
Envolvidos
Entre os alvos da operação, estão Sil Xukuru e Pastinha Xukuru, que foram vereadores no período investigado e também são acusados de fraudar licitações.
“Outros servidores foram distribuídos estrategicamente em setores voltados para licitação. Por exemplo, um dos alvos da operação, já estava lotado na Comissão de Licitação. Outra pessoa teve sua empresa contratada para assessorar as licitações que ocorriam no município de Pesqueira”, relatou o delegado Jeová Miguel.
Conforme mostrou o Diario de Pernambuco, o prefeito Cacique Marcos já é réu por improbidade administrativa no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) por causa de supostas fraudes em licitações. A ação civil foi proposta pelo MPPE e aceita em janeiro.
De acordo com a promotoria, os principais favorecidos eram o casal Aurycleia Pereira de Souza e Osmano Vieira de Melo, que tinham parentes em cargos comissionados na Prefeitura de Pesqueira. O empresário Albérico Diógenes Ferreira, parente do então diretor do Departamento de Compras da Prefeitura de Pesqueira, também foi beneficiado.
A reportagem procurou a Prefeitura de Pesqueira para se posicionar sobre a ação civil, mas não obteve resposta. A reportagem também procurou os empresários Aurycleia, Osmano e Albérico, sem sucesso.