ACADEMIA

domingo, 10 de setembro de 2017

Ministro religa bombas da transposição inauguradas por Dilma em Pernambuco


Dois anos depois da visita da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) a Cabrobó, no Sertão pernambucano, para inaugurar a primeira estação de bombeamento do eixo norte da transposição do rio São Francisco, o ministro Helder Barbalho (Integração Nacional) vai visitar o mesmo equipamento nesta segunda-feira (11). As bombas chegaram a funcionar, mas a paralisação da obra entre Pernambuco e Ceará, em junho de 2016, logo depois de Michel Temer (PMDB) assumir, inviabilizou o serviço.
Para mostrar a retomada da construção dos canais entre os dois estados, mais de um ano depois de serem interrompidas, Barbalho vai ao local. As obras pararam porque a Mendes Júnior, construtora envolvida na Operação Lava Jato, abandonou os canteiros. O governo levou um semestre para iniciar a licitação que escolheu a substituta, mas um imbróglio judicial fez com que só fossem retomadas em julho deste ano. A paralisação atingiu o trecho entre Cabrobó e Jati (CE), que agora tem previsão de entrega no primeiro semestre de 2018, dez anos após o início da transposição.
A estação de bombeamento é responsável por impulsionar a água captada no rio por sete quilômetros, até o primeiro reservatório, Tucutu. Há dois conjuntos de motobombas com vazão de 12,4 metros cúbicos por segundo, capazes de elevar a água a 36 metros. Depois, serão abertas as comportas do primeiro reservatório e a água corre por quatro aquedutos até o segundo, de Terra Nova, a 45,9 quilômetros da primeira estação.
Antes de deixar o governo, em maio do ano passado, Dilma Rousseff chegou a visitar Cabrobó e, já em tom de despedida uma semana antes de ser afastada pelo Senado, afirmou que ficaria triste se não visse como presidente a conclusão das obras. Nessa viagem, a petista vistoriou as obras na segunda estação de bombeamento do trecho, em Terra Nova, município vizinho.
O eixo norte é o maior da transposição e a sua conclusão vai custar ao todo R$ 516,8 milhões, mas só a primeira ordem de serviço foi assinada em julho por Rodrigo Maia (DEM-RJ), quando estava como presidente em exercício, liberando R$ 132 milhões. São 260 quilômetros de canais, com três estações de bombeamento, oito aquedutos, 16 reservatórios e três túneis para cerca de 7,1 milhões de moradores de 223 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. 
A entrega prevista para o início do próximo ano é para tentar evitar o possível colapso hídrico na região metropolitana de Fortaleza, onde o projeto deverá atender 4,5 milhões de habitantes.
Paternidade da transposição
A escolha da transposição como última visita de Dilma Rousseff a Pernambuco e o roteiro de Helder Barbalho semelhante ao dela para marcar um dos passos de retomada da obra mostra a briga política pela paternidade do empreendimento. O mesmo foi visto na entrega do eixo leste, outra frente do projeto, na Paraíba, no início do ano.
Para se aproximar do Nordeste, onde tem a maior rejeição, Michel Temer esteve três vezes nas obras em três meses. Reagindo ao movimento do peemedebista, o ex-presidente Lula, que pretende ser candidato novamente em 2018, esteve em Monteiro (PB), para fazer uma “reinauguração”, já que foi no seu governo que a obra foi iniciada – até então com previsão de ser concluída três anos depois. Por causa do evento, é investigado pelo Ministério Público Eleitoral, sob suspeita de propaganda antecipada.
Até Geraldo Alckmin, que pode ser o nome do PSDB à presidência em 2018, usou a mesma estratégia que Temer para se aproximar do Nordeste. Através da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o governador emprestou as bombas que viabilizaram a entrega do eixo leste da transposição e agora fez o mesmo no eixo norte.

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