Do Portal LeiaJá
Nas mesas de bar, os apelidos são muitos. Água que passarinho não bebe, aguardente, “marvada”, caninha, birita, pinga, lapada. As diversas denominações são sinônimos da bebida destilada mais consumida no Brasil, a famosa cachaça. O amor dos brasileiros pelo produto já foi tema de músicas, propagandas, livros e pesquisas acadêmicas. No ramo financeiro, o mercado da cachaça movimenta cerca de R$ 7 bilhões em faturamento no país. Parte desse lucro vem do município de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco, onde fica localizada a fábrica Engarrafamento Pitú, que comercializa em média 95 milhões de litros da bebida por ano.
Na contramão da crise financeira, a empresa aumentou as vendas e se consagrou ainda mais como líder de vendas nos mercados Norte e Nordeste e maior exportadora de cachaça do Brasil. Um estudo feito pela PeopleScope, maior base de dados comportamentais dos brasileiros, mostra que à medida que a expectativa da população piora em relação ao cenário político-econômico, mais garrafas de cachaça são vendidas no Brasil. O sucesso da Pitú é tão grande que a cachaça integra o grupo das 20 marcas de bebidas destiladas mais produzidas no mundo.
A bebida que hoje é “mania de brasileiro” teve o pontapé inicial dado em 1938. A empresa 100% pernambucana foi fundada pelos senhores Joel Cândido Carneiro, Severino Ferrer de Morais e José Ferrer de Morais. No começo, eles trabalhavam com a fabricação de vinagre e bebidas à base de maracujá e jenipapo, além do engarrafamento de aguardente. Em 1948, com o ritmo de crescimento acelerado, a empresa ganhou o nome de Engarrafamento Pitú LTDA.
O nome da empresa faz referência ao Engenho Pitú, propriedade da família em Vitória de Santo Antão, onde existiam muitos pitus, os camarões de água doce, que eram usados como tira-gosto das reuniões para beber aguardente no engenho.
No início da história da empresa, tudo era feito de forma artesanal e experimental. Com o crescimento da marca, o tato sensorial dos fundadores ficaram um pouco de lado e a Pitú ganhou corpo de um negócio gigante. Atualmente, são 400 mil litros da bebida produzidos todos os dias. Para tudo funcionar, são 550 funcionários trabalhando diariamente na produção da cachaça queridinha de Pernambuco.
De acordo com a diretora de Negócios Internacionais da Pitú, Maria das Vitórias, um dos pontos que faz a marca crescer no mercado interno e externo é a empresa familiar, além da qualidade do produto. “As decisões são mais rápidas porque todo mundo é parente e se junta na hora de decidir as coisas. A hierarquia não é tão grande. Na crise, a gente se juntou para fazer tudo junto. O aspecto comercial é muito forte também, temos uma relação com países estrangeiros muito boa”, revelou.
Ainda de acordo com Maria das Vitórias, para a bebida ter o mesmo sabor o ano inteiro, mesmo com a safra da cana de açúcar sazonal por seis meses, a empresa faz o “blending”, a mistura, de um ano inteiro. “As grandes bebidas internacionais já seguem esse processo. Fazemos isso para que a Pitú tenha o mesmo sabor de janeiro à dezembro”.
Hoje, a Pitú é uma aguardente de cana pura, transparente, de sabor marcante e teor alcoólico de 40%. O produto é acondicionado em garrafas retornáveis de 600 ml, garrafas de 965 ml, latas de alumínio com 350 ml, 473 ml, 710 ml. Tem também as envelhecidas Premium – Pitú Gold e Extra Premium – e a Vitoriosa. A Pitú tem, ainda, em seu portfólio, a bebida mista de cachaça com limão – Pitú Limão, a bebida alcoólica mista à base de noz de cola – Pitú Cola, a vodka Bolvana e a bebida mista à base de vinho – Do Frei.
Destilado genuinamente pernambucano, a Pitú também alcança o mercado externo
De acordo com o Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac), as exportações de destilado cresceram 4,62% em valor e 7,87% em volume, em 2016, com relação a 2015. No ano passado, o Brasil exportou 8,38 milhões de litros para cerca de 54 países, gerando receita de US$ 13,94 milhões.
Apesar do número alto impressionar à primeira vista, as exportações de cachaça estão bem abaixo do potencial de mercado. Apenas cerca de 1% do volume produzido é exportado, segundo o Ibrac. O maior desafio é atingir a consolidação do produto no mercado internacional como uma bebida brasileira.
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