Copa
do Mundo no Brasil. Que esperar da seleção brasileira? No mínimo, o
máximo. E o que se vê até aqui? Bem, o time vem jogando algo muito
parecido com o futebol. Só que mais feio. E o país fica se perguntando:
quando, afinal, aquela equipe que brilhou na Copa das Confederações vai
entrar em campo?
A coisa anda estranha desde o começo. O triunfo magro sobre a Croácia. O placar virgem contra o México. O básico convertido em apoteose contra Camarões… Todos esses avisos reclamavam uma reação no primeiro jogo da fase em que só há duas alternativas: matar ou morrer.
Pois bem. Em
vez de uma resposta, sobreveio o inaceitável. No primeiro tempo, um erro
banal presenteou o Chile com o empate. No segundo, registrou-se no lado
do campo reservado ao Brasil um apagão. As arquibancadas do Mineirão
testemunharam cenas deploráveis. Os rivais chilenos, apenas razoáveis,
ditaram o ritmo aos donos da casa. A apatia flertava com o suicídio.
Eis a
verdade: existe uma caveira de burro enterrada no meio-campo do Brasil.
Fernandinho, que seria a correção de Paulinho, teve desempenho
fraquinho. Entrou Ramíres. E nada. De duas, uma: ou é maldição ou aquela
sequência de chutões erráticos é o resultado da falta de jogador.
Em respeito
aos fatos, é preciso reconhecer que havia 23 jogadores em campo. Seria
uma injustiça não incluir o árbitro. Ele foi o principal marcador de
Hulk. Deixou de marcar um pênalti cometido contra ele. E, não
satisfeito, desmarcou-lhe um gol. Mas um selecionado que se preza não
pode depender só da honestidade dos árbitros.
No intervalo
que antecedeu a prorrogação, alguns jogadores, mãos postas, apelaram
para Deus. Como se o Altíssimo se interessasse por futebol. Melhor
excluí-lo do time. Poucas vezes houve uma seleção tão sem Deus quanto
essa do Brasil. Prova-o o desperdício de dois pênaltis numa série de
cinco.
Para quem
esperava cultuar Neymar, deve ser exasperante perceber que o goleiro
virou heroi da resistência. Diz-se que Júlio Cesar, autor de duas
defesas redentoras, foi o grande nome do jogo. Erro. Houve outro
personagem bem mais decisivo: o travessão! Foi o travessão quem impediu,
a dois minutos do apito final, que um gol do chileno Pinilla decretasse
a morte nacional. Não fosse pelo travessão, o Brasil teria saído do
Mineirão de rabecão.
Vem aí a
Colômbia. Seria um adversário banal. Mas virou um gigante
insuspeitado. Depois deste sábado, alguns patrícios cultivarão um terror
reverencial pelos colombianos. Até o dia do jogo, os brasileiros se
encontrarão e, antes do ‘bom dia’, antes do ‘tudo bem?’, virá a
pergunta: viste o James Rodriguez? Shhhhh…, fala baixo. Não assusta as
crianças!
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