Colômbia e Uruguai jogam pelas oitavas no Maracanã
Uma matada no peito, um giro no corpo, um chute raro, uma pintura, um
lance inesquecível entre todos os lances inesquecíveis do Maracanã. Um
golaço de James Rodríguez, camisa 10 clássico, abriu o caminho para a
vitória (2 a 0) que classificou a Colômbia para as quartas de final da Copa
do Mundo. Ele ainda fez o segundo e se isolou na artilharia do torneio,
com cinco tentos, mais do que Messi e Neymar (com quatro).
Foi o triunfo de um dos times com o melhor futebol
do torneio até aqui sobre um Uruguai que chegara ao Maracanã
claudicante, contando principalmente com o peso de sua camisa, e sem
Luis Suárez, seu melhor jogador. Durante os 90 minutos falaram mais alto
a aplicação tática e a qualidade dos colombianos, que fizeram um
estádio quase totalmente amarelo explodir com a classificação inédita às
quartas de um país que estava há 16 anos longe de Mundiais. Agora, a
Colômbia se prepara para o encontro com o Brasil, que tem tudo para ser
duríssimo para os donos da casa, na próxima sexta-feira, em Fortaleza.
Fases do jogo: A Colômbia manteve o padrão de jogo que lhe tinha dado 100% de aproveitamento na primeira fase. Com muito toque de bola e jogadores
qualificados no meio-campo, como Cuadrado e Rodríguez, além do apoio da
arquibancada, a seleção foi melhor desde os primeiros minutos. Mas não
foi o jogo coletivo que fez a diferença no começo, e sim o brilho de seu
camisa 10, que acertou um belo chute para abrir o placar. Só na
desvantagem, o Uruguai despertou e saiu para o jogo, o que obviamente
deixava espaço aos sempre perigosos contra-ataques colombianos.
O
segundo tempo prometia um duelo mais equilibrado, mas outro gol precoce
de Rodríguez deixou a situação quase impossível para os uruguaios. Não
apenas pela desvantagem no placar, mas também porque a Colômbia mantinha
sua estratégia sufocante de domínio pela posse de bola. Algumas
mudanças de Tabarez em sua equipe fizeram o Uruguai ficar mais presente
ao ataque. Mas do outro lado havia uma defesa eficiente e um goleiro
seguro, Ospina, que garantiram a vitória tranquila.
Os melhores: James Rodríguez e David Ospina. Rodríguez já tinha sido eleito pela Fifa o melhor jogador
da primeira fase. Sua habilidade e a qualidade de seu passe fazem dele
um meia-esquerda clássico, daqueles em falta no futebol atual. Dominou o
meio-campo colombiano e foi fundamental para a vitória. Já é um dos
grandes jogadores desse Mundial (curiosidade: o jeito certo de dizer seu
nome, segundo o próprio, é Rames). O goleiro Ospina também teve uma
atuação inspirada e fez importantes defesas no final do partida.
O pior: Forlán.
O melhor jogador da última Copa se despediu melancolicamente daquele
que pode ter sido seu último Mundial. Ele foi escalado para substituir
Suárez, mas não conseguiu aparecer para o jogo e acabou voltando ao
banco antes dos 10min do segundo tempo. Só com ele fora, o Uruguai conseguiu permanecer mais tempo no ataque.
Chave do jogo: toque
de bola e paciência da Colômbia. O time de José Pekerman dominou a
posse de bola e teve calma para movimentar seus jogadores até abrir espaço
na defesa uruguaia. No segundo gol, a equipe fez a bola rodar por todos
os cantos do campo antes de parar nos pés de Rodriguez e ir às redes.
Essa estratégia também ajudava defensivamente. Com a bola dominada, os
colombianos impediam que os adversários criassem chances, mesmo quando
atrás do placar.
Toque dos técnicos: Oscar Tabárez precisou mexer no time logo no começo do segundo tempo quando se viu
perdendo e dominado pelo adversário. Mas ele tinha pouquíssimas opções
no banco e fez o que pôde: encheu a equipe de centroavantes e orientou
seus jogadores a meter bolas na área. Nada que pudesse transpor a defesa
bem armada por Pekerman.
Para lembrar:
Um gol de placa.
James Rodríguez recebeu um passe alto. Ele estava de costas, 22 metros
distante do gol. Matou no peito, virou o corpo e, sem deixar a bola
tocar o chão, emendou um belo chute de esquerda. Ela desenhou uma
parábola no ar, encobriu Muslera e tocou no travessão antes de entrar.
Talvez tenha sido o gol mais bonito da Copa até aqui.
Febre amarela.
E a torcida colombiana dominou as arquibancadas do Maracanã, reeditando
a "febre amarela" que vem tomando os estádios onde a seleção joga. Além
do hino à capela, foi possível ouvir os gritos de "olé" para a Colômbia
desde o começo da partida. Os brasileiros presentes também adotaram os
colombianos.
Presença de Suárez. O atacante
pode ter sido expulso da Copa, mas ele esteve de alguma forma presente
nas arquibancadas. Torcedores uruguaios aparecerem em peso com máscaras do jogador, enquanto os colombianos usaram focinheira para lembrar seu histórico de mordidas.
Brasil pode começar a se preocupar.
O próximo adversário da seleção mostrou um futebol muito competente e
envolvente e já deve assustar a torcida brasileira para o duelo nas
quartas. A comparação entre o que fizeram Brasil e Colômbia em seus jogos neste sábado dá muita vantagem aos colombianos.
A volta uruguaia ao Maracanã. O último jogo da Celeste no mítico estádio havia sido o Maracanazo. Uma grande expectativa
tomava conta da torcida antes da volta da seleção ao palco de sua maior
façanha no futebol. Mas eles acabaram tendo um sábado para esquecer. A
eliminação talvez signifique o fim de um ciclo na seleção uruguaia.
COLÔMBIA 2 X 0 URUGUAI
Data: 28/06/2014 - 17h Local: Maracanã (Rio de Janeiro) Árbitro: Bjorn Kuipers (HOL) Auxiliares: Sander Van Roekel (HOL) e Erwin Zeinstra (HOL) Cartões amarelos: Gimenez, Lugano (Uruguai); Armero (Colômbia) Gols: James Rodríguez, aos 28min, do 1º tempo e aos 4min do 2º tempo Público: 73.804 pessoas
Colômbia:
Ospina; Zuniga, Zapata, Yepes e Armero; Carlos Sánchez, Aguilar,
Cuadrado (Guarín) e James Rodríguez (Ramos); Teófilo Gutiérrez (Meria) e
Jackson Martínez
Técnico: Jose Pekerman
Técnico: Jose Pekerman
Uruguai:
Muslera; Cáceres, Giménez e Godín; Maxi Pereira, Arévalo Rios, González
(Hernandez), Rodríguez (Ramos) e Álvaro Pereira (Ramirez); Forlán
(Stuani) e Cavani
Técnico: Oscar Tabarez
Técnico: Oscar Tabarez
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