Em um jantar na última sexta-feira, o ex-presidente Lula
pôs em xeque a consistência da candidatura de Eduardo Campos (PSB) à
Presidência da República e disse que não vai bater no antigo aliado
porque quer estar apto para fazer uma ponte com o socialista em eventual
segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff e o senador tucano
Aécio Neves (MG).
— Não vejo
outro discurso do Eduardo a não ser esse que ele está tentando fazer de
que gosta de mim e que Dilma não presta. Eu não tenho como bater nele,
não vou fazer isso, mas, quando defendo a Dilma, o discurso dele perde
credibilidade - disse Lula, de acordo com participantes do jantar, realizado no apartamento do senador Armando Monteiro (PTB-PE), candidato ao governador.
''NEM PELOS CARAS DO DEM''
No jantar,
Dilma estava irritada com o prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB),
afilhado político de Campos, que, na solenidade de inauguração da primeira etapa da Via Mangue, naquele mesmo dia, questionou a paternidade do governo federal em relação à obra, afirmando que o dinheiro não era federal, estadual nem municipal, e sim do povo.
— Eu nunca
tinha sido tratada assim nem pelos caras do DEM — reclamou Dilma no
jantar, em que estavam presentes deputados federais e o líder do PT no
Senado, Humberto Costa (PE).
MAU HUMOR DE DILMA
Depois que
Dilma se retirou do jantar, o ex-presidente Lula afirmou, de acordo com
pessoas presentes, estar preocupado com o quadro de rejeição à
presidente, em queda nas pesquisas de intenção de voto, e disse temer que o mau humor reinante no país cole de tal forma na imagem de Dilma que seja irreversível.
— O Lula se
mostrou preocupado com o quadro, com o mau humor no país, com a rejeição
à Dilma. Ele teme que isso cole de tal forma nela que seja um caminho sem volta — afirmou um dos participantes do jantar.
Apesar da
preocupação externada por Lula, participantes do jantar afirmaram que
ficou claro que a candidata é Dilma e que o ex-presidente não se colocou
como possível candidato no lugar dela. O ex-presidente teria dito que
Dilma seria 'muito melhor' do que Aécio e Campos e que isso vai se
sobrepor, segundo o petista, quando o governo federal começar a mostrar
suas realizações, principalmente no horário eleitoral gratuito na TV. (De O Globo).
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